segunda-feira, agosto 05, 2013

O silêncio de Marina



                              


Esse vídeo me fez refletir sobre o silêncio, ou melhor, sobre a ausência das palavras. O documentário foi feito para registrar a performance da artista Marina Abramovic ( no nome original tem um acento na letra c, mas eu me recuso a acentuar um c) Sei que tem muita gente que não enxerga valor nesse tipo de arte performática. Um amigo chegou a definir que esse trabalho é  uma encenação inspirada no  Chatroulette, mas eu vejo a obra da Marina como algo muito maior que isso.

Essa artista, se dispôs a ficar em silêncio com um com um visitante da exposição sem tempo determinado. A intensidade desse encontro pode ser percebida por toda a internet e foi criado até um Tumblr onde era postado fotos de pessoas que choraram no encontro com a artista. Porém, a grande emoção dessa performance está documentada no vídeo é que eles decidem colocar Ulay o ex-namorado de Marina  para participar do encontro.

A história dos dois é muito mais intensa e cheia de detalhes do que mostra o vídeo. Ulay foi mais que o ex-namorado, mas o companheiro de trabalho e de vida e juntos eles revolucionariam o mundo das artes com performances marcantes como, por exemplo, Imponderabilia” (1977, refeito em 2010), o casal se posicionava em uma porta e pedia que o público se espremesse por uma passagem apertada formada pelos seus corpos completamente nus. Para passar, o público precisava escolher qual deles enfrentar.

 Durante esse minuto não existe silêncio, só ausência de palavras.  Existe uma comunicação corporal intensa, os olhos, a respiração o movimento do corpo. O olhar dela traduz surpresa, emoção e dor. É possível perceber todas as palavras que não foram ditas nos 25 anos que ficaram distantes. 

 Ulay, não suspira, ele bufa. Ele sente o peso do encontro  com Marina e de certa forma o reencontro com seu passado, com o furgão onde eles viveram,  ele pode também presenciar outros artistas executando as performances que eles haviam feito.

O trabalho é impactante e intenso e mostra não só uma reflexão sobre  o que é silêncio, mas sobre comunicação, principalmente aquele tipo de conversação que fazemos sem palavras.  Os outros encontros produzidos nessa exposição mostra que devemos pensar sobre a presença e a ausência do olhar nas nossas comunicações.  

Quase não falamos, apenas cuspimos palavras. Raramente olhamos nós olhos, apenas conversamos automaticamente. Existe pouca interação realmente humana e o uso ostensivo do celular comprova isso. Somos praticamente jogados em outra dimensão.

Tem muita gente que não enxerga sentido nesse tipo de performance, mas eu vejo.  Ela consegue através de situações comuns ou totalmente estranhas provocar reflexão, então é arte. 



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