quinta-feira, agosto 15, 2013

O peso de ser bom.




Recordo de uma ocasião no trabalho em que uma colega se indignava com a quantidade de responsabilidade nas suas costas. Essa amiga se revoltou pois a maioria do grupo não contabilizou que ela pudesse errar. Todos contavam que ela conseguisse cumprir o serviço, mesmo com condições ruins como falta de tempo e excesso de serviço. As pessoas acreditavam tanto no seu potencial e no seu trabalho que lhe entregaram uma missão praticamente impossível sem nenhuma dúvida que ela iria alcançar o objetivo.

Ela sentia nas costas o peso de ser boa. Ela sempre havia conseguido antes, mesmo com dificuldades e problemas, sempre havia feito um grande esforço para conseguir alcançar o sucesso.  Varava madrugadas a fora preenchendo relatórios, chegava mais cedo, deixava de almoçar. O sucesso dela não era fácil ou natural, mas sim fruto de muita dedicação e trabalho. 

 O peso invisível dessa dedicação começava a afetá-la. Ninguém acreditava que era complicado para ela. Poucos enxergavam o  que ela fazia para desempenhar o seu trabalho bem. Ela se dedicava mais que o normal, para ter um resultado maior que o da média.  Acreditavam que o seu sucesso era simplesmente uma característica que tinha nascido com ela, mas não era. Nunca é.

O que mais a angustiava era o medo de decepcionar os outros. Ela carregava as esperanças dos outros e isso tinha pontos positivos, mas inúmeros pontos negativos também. Decididamente não sei o que é pior.  Se é o hábito que algumas  pessoas têm de não acreditarem na sua capacidade ou o fato de acreditarem tanto em você que transferem toda a responsabilidade e trabalho pesado, sem o medo de que possa dar errado.

Eu realmente tenho compaixão pelas pessoas que ocupam cargos em que teoricamente não podem errar. Sinto compaixão por aqueles que carregam a esperança dos outros.  Médicos, atores,  personalidades e políticos. Pessoas que tem que provar todos os dias não só sua competência, beleza e habilidade de negociar , mas pessoas que carregam o fardo de acharem que não podem decepcionar. 

O escritor Fabricío Carpinejar disse que amar não era para os fracos e eu digo que ser bom também não é.

Nenhum comentário:

Postar um comentário