Nada melhor do que a sensação de descanso. Pés levantados para o alto, o
barulho da tv, tempo para pensar em uma coisa de cada vez ou em nada. O
descanso hoje é um luxo que só os realmente corajosos podem usufruir dele.
Nem mesmos os ricos e afortunados são providos de descanso ininterrupto, na
maior parte das vezes tem sua mente consumida por pensamentos e obrigações. Depois do trabalho a jornada continua em casa
cada vez mais necessária e impiedosa.
Sempre tive uma inveja dos objetos
inanimados especialmente dos carros que podiam descansar na garagem quando
finalmente chegavam em casa. O meu descanso sempre foi a conta gotas e teve
épocas em que ele só era feito em casos de extrema necessidade.
Porém, as vezes é preciso descobrir a melhor hora de parar, antes que isso
aconteça de forma forçada e lamentável. Me lembro de uma época em que almoçava perto do trabalho. O
restaurante era grande e a comida muito saborosa, mas não saciava a minha fome de
repouso.
Era preciso enfrentar três filas para poder completar o ciclo completo do
almoço. Fila para servir, fila para pesar, fila para pagar. Cada uma mais
extensa que a outra. O barulho no
restaturante era algo interminável. Várias crianças e adolescentes iam almoçar
nesse local e tinha dias que tudo que eu queria era um pouco de paz.
Descobri perto do trabalho a casa de uma senhora que servia refeições. Sem
caixa, sem filas, sem balança. Não era um restaurante e justamente por isso eu
gostava do lugar tinha a sensação de ir em casa almoçar. A TV ligada, sem
caixa, sem fila, sem cartão, uma mesa grande, uma sala escura e pouco iluminada um
pouco de bagunça perto da mesa da TV. A
possibilidade de entrar em uma cozinha me servir em um prato duralex na beira
do fogão.
O lugar ficava em um bairro conhecido pelo grande número de garageiros e
vira e mexe me sentava a mesa com completos desconhecidos outras vezes cruzava
com colegas de trabalho, também cansados da hospitalidade forçada dos
restaurantes.
Sentia como um carro que ia para sua garagem. Podia assistir um pouco de
jornal, tomar refrigerante em copo de requeijão e me fartar com uma comida bem
temperada e legitimamente caseira. O
feijão com caldo grosso, o arroz bem soltinho e a salada tipicamente de mãe.
Foi ali perto do trabalho, almoçando com completos desconhecidos que eu
descobri que garagem faz parte da nossa casa. E a melhor definição de casa é
aquela que diz : Um lugar para descansar.
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